Amizade é mágica… ou será que é amor?
Uma fanteory sobre como seis pôneis podem ensinar mais sobre poliamor do que muito coach de relacionamento
O polígono de ponyville
Eu venho hoje compartilhar uma teoria que surgiu num surto da madrugada: e se as protagonistas de My Little Pony: A Amizade é Mágica não forem só amigas? E se… elas forem um polígono?
Sim, você leu certo: um polígono.
Calma que eu explico. No poliamor, a gente usa o termo "polígono" pra falar de relacionamentos múltiplos onde todas as partes se conectam entre si, não só com uma “figura central”. É diferente do famoso trisal ou do modelo V (onde uma pessoa se relaciona com duas que não se relacionam entre si). No polígono, é tudo junto e misturado, mas com respeito, comunicação, afeto e muitas DRs sinceronas.
Agora, e se a série das pôneis coloridas que viveram mil aventuras em nome da amizade… for na verdade uma metáfora perfeita pra isso?
Por que sim, elas são um polígono.
Repara comigo. Em My Little Pony, temos seis personagens principais – Twilight Sparkle, Applejack, Rainbow Dash, Pinkie Pie, Fluttershy e Rarity. Cada uma delas representa um dos Elementos da Harmonia, mas se você observar com um olhar mais... amoroso, vai ver que elas também representam diferentes formas de se amar.
Twilight Sparkle: o amor cuidadoso, meio nerd, que organiza a agenda do rolê e dá carinho em forma de planilha.
Applejack: o amor leal, que diz a verdade mesmo quando dói, e te abraça com força.
Rainbow Dash: o amor impulsivo, que compra briga por você e te defende no Twitter.
Pinkie Pie: o amor que ri alto, dança pelado na sala e te enche de bolo e bilhetinhos fofos.
Fluttershy: o amor silencioso, presente, que cuida das tuas plantas quando você tá mal.
Rarity: o amor dramático, poético, que quer fazer arte com você e te vestir como obra-prima.
Elas não estão só se ajudando. Elas estão vivendo uma rede afetiva onde todas se amam, cada uma de um jeito único. Isso, minha gente, é um poliamor em forma de arco-íris animado.
e as dinâmicas?
Toda relação múltipla tem suas micro-relações internas, né? Aquelas duplas que têm mais sintonia, aquelas que vivem tretas, as que compartilham histórias antigas. Exemplos? temos:
fluttershy & rainbow dash – amizade de infância, com energia de first love.
rarity & applejack – enemies to lovers de respeito. um clássico.
twilight & pinkie pie – opostos que se atraem. caos encontra controle.
applejack & rainbow dash – competição e desejo. tensão que vira fogo.
rarity & fluttershy – delicadeza, moda, chá da tarde e carícias visuais.
em cada uma dessas conexões, tem algo diferente rolando. não é igual pra todo mundo. e isso, aliás, é um dos pilares do poliamor: cada relação é única.
O “elemento da amizade” como contrato relacional
Se você parar pra pensar… os seis elementos da harmonia (honestidade, lealdade, generosidade, risadas, bondade e magia) são basicamente um manual do bom relacionamento poliafetivo.
honestidade = comunicação clara
lealdade = compromisso (combinado ≠ prisão)
generosidade = cuidado e espaço pro outro ser
risadas = leveza e prazer
bondade = empatia afetiva
magia = aquilo que a gente não explica, só sente
quem vive ou estuda relações não-monogâmicas sabe o quanto isso importa. não dá pra viver no múltiplo sem esses fundamentos. e olha só: as pôneis vivem isso todo episódio, toda temporada. o tempo todo.
e por que isso importa?
Porque essa ideia quebra aquele velho mito de que amor é só “de casalzinho”. Ou que existe um jeito certo de amar. Porque no fundo, o que elas vivem ali é um experimento radical de afeto, onde as emoções são compartilhadas, discutidas, atravessadas. Um lugar onde:
não tem ciúmes como posse, mas tem cuidado como escolha;
os conflitos são resolvidos com diálogo (ou um musical);
e cada uma pode ser ela mesma, sem precisar diminuir pra caber em ninguém.
A série ensina que o amor verdadeiro é diverso, é múltiplo e é, sim, mágico. E se você olhar de novo, vai ver que tem ali muito mais que amizade. Tem vínculos complexos, com camadas românticas, platônicas e espirituais convivendo no mesmo espaço. Tem reciprocidade, tem saudade, tem decepção e reconciliação. Tem tudo que existe nos nossos relacionamentos reais – sejam monogâmicos ou não.
e se a gente olhasse mais pro amor como elas?
Talvez a gente precisasse de menos definições rígidas e mais espaço pra explorar os nossos afetos como um desenho animado exploraria: com coragem, corações abertos e um pouco de glitter.
Talvez a gente descubra que viver num polígono não é sobre “pegar geral”, mas sobre aprender a amar várias pessoas de formas diferentes, sem apagar ninguém. É sobre entender que o amor não precisa ser escasso. Ele pode ser compartilhado, com respeito, com intenção, com magia.
E talvez, só talvez… Ponyville seja a utopia relacional que a gente ainda tá aprendendo a construir.
Com carinho e muitos confetes mágicos,
Por amor(a), sempre.